História da cultura intelectual

Descrição: A História da Cultura Intelectual é um campo de investigação que tem por objeto as circunstâncias de produção, discussão, escrita e propagação de ideias, através do estudo crítico de discursos e textos, seus contextos de produção, transmissão e recepção, e da recuperação de seu significado histórico. Enquanto campo de investigação desenvolveu-se, em geral, entre dois pólos metodológicos: internalista ou intelectualista e externalista ou contextualista. De um ponto de vista historiográfico, a primeira postura equivaleria a relacionar ideias historicamente de acordo com uma lógica ou dinâmica interna a elas. Na modernidade, a História da Filosofia passou a seguir esse fio condutor. Também a História das Ideias como de início concebida por Arthur Lovejoy, tomando as ideias como entidades, capazes de cruzar o tempo e o espaço, através de linguagens, tradições, culturas e nações.Tal tratamento foi questionado por tomar as ideias divorciadas de seus contextos de produção e transmissão históricas, os quais seriam privilegiados pelo segundo tipo de abordagem, situando as ideias no contexto das circunstancias sociais, políticas, econômicas de sua época particular, sem levar em conta possíveis continuidades. Desde o ponto de vista externalista, o foco metodológico na relação intrínseca entre ideias é inevitavelmente anacrônico, por exemplo ao estabelecer relações de antecipação entre autores e correntes de pensamento. A tensão entre os dois tipos de abordagem tipicamente acompanhou também a História da Literatura e a História da Ciência. Mais recentemente, Quentin Skinner reivindicou um tratamento linguístico para o contexto histórico das ideias políticas, a fim de evitar anacronismos internalistas, ao mesmo tempo recuperando as significações históricas dos textos. Outros estudos dedicam-se aos textos enquanto modos materiais pelos quais as idéias são escritas e lidas, disseminadas, recebidas e apropriadas.

Docente responsável: Sara Albieri