Descrição: Esta pesquisa tem como objetivo pensar o que tendemos a chamar de política nos termos ameríndios. Isso significa retomar o projeto de antropologia política no sentido atribuído por Pierre Clastres: uma antropologia que não reduz os ameríndios a sociedades "sem" Estado (alheias ao problema do poder político), tampouco subsume a ação política deles a uma interação com o Estado nacional e com segmentos da sociedade moderna, Uma antropologia, em outras palavras, que permite apreender motivações propriamente indígenas em processos como a constituição de lideranças e coletivos, bem como a sua dissolução, o que envia para os mecanismos pulverizadores próprios do "contra o Estado". Partindo das interrogações de Pierre Clastres e passando por algumas discussões decisivas de outras etnologias - a melanesista, por exemplo ~, propõe-se examinar a situação atual cia reflexão na etnologia sobre o problema da ação e das formas políticas nas etnografias e sínteses sobre povos ameríndios (o que exige também consideração de certas questões postas pela história e pela arqueologia). Pretende-se, além disso, problematizar certas antinomias recorrentes nas análises, tais como igualdade/ hierarquia, individualidade/ coletividade, simples/ complexo, reversível/ irreversível, sociopolítico/ cosmopolítico, tradicional/ moderno. Um foco especial que tem sido dado a esta pesquisa é a investigação sobre a relação entre xamanismo e política, tendo em vista sobretudo os casos tupi-guarani, antigos e atuais, assim como os casos Arawak subandinos e Caribe da Guiana Ocidental.
Docente responsável: Renato Sztutman