Entre a aldeia e a cidade? A presença indígena na Amazônia urbana

Descrição: O interesse do Núcleo de Antropologia Urbana (NAU/USP) em propor, neste programa, o CESTA (Centro de Estudos Ameríndios) uma etnografia dos espaços e redes de socialidade ameríndias em cidades da Amazônia reside na oportunidade de mobilizar e por à prova conceitos e metodologia já desenvolvidos ao longo de sua trajetória, desde 1988, sobre a cidade de São Paulo. Tendo elaborado modelos de análise com base na especificidade da dinâmica de uma mega-cidade, cosmopolita, cabe agora refinar esses modelos a partir de pesquisas sobre cidades que apresentam outras escalas, com outras experiências, outros processos de formação. As cidades da Amazônia, com significativa presença ameríndia, constituem um privilegiado campo para efeitos comparativos, posto que situadas numa região cujo passado de ocupação humana, frequentemente caracterizado como vazio demográfico, natureza intocada, vem sendo revisto por pesquisas históricas e registros arqueológicos.

Deslocamentos populacionais de largo alcance e de longa duração abrem privilegiado espaço de interdisciplinaridade a partir do qual a Antropologia Urbana pode, em diálogo com a Etnologia em razão das estudos já acumulados sobre populações indígenas, com a História e a Arqueologia, avançar na elaboração de modelos mais gerais de análise da mobilidade e estratégias de inserção das diferentes etnias no contexto da Amazônia urbana contemporânea. O propósito é começar com Manaus e, a médio prazo, incluir as cidades próximas da Terra indígena de Andirá-Marau, (Parintins, Barreirinha, Maués) no leste amazônico, para trabalhar com diversas escalas urbanas e assim, numa perspectiva comparativa teórica, trabalhar o próprio conceito de cidade em contraposição com outras formas de assentamento, nomeadamente aquelas que mais se fazem presentes na literatura antropológica, em documentação histórica e pesquisas arqueológicas.

Docente responsável: José Guilherme Cantor Magnani