Fios da vida: identidade, memória e ritual. Crianças abrigadas, hoje adultas, diante de seus prontuários

Descrição: Em média duas vezes por mês, especialmente em "períodos rituais"  ̶ Páscoa, Dia das Mães, dos Pais, Natal, Ano Novo, aniversários, casamentos, nascimento de filhos  ̶ ,  adultos procuram os arquivos da Fundação CASA {São Paulo/ SP) - Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente - em busca de prontuários referentes ao período em que, quando crianças e/ou adolescentes, passaram por abrigos da instituição. Eles estão, segundo o Ex-Diretor do Arquivo, em busca de fios de suas vidas. Querem saber quem foram seus pais, seus irmãos, onde nasceram, o que aconteceu para que fossem recolhidos como crianças abandonadas. O que faz com que esses adultos, décadas depois de terem deixado os abrigos, queiram recuperar esses fios? Percebem a vida como um tecido? Tramado de que forma e por quais elementos? Que conjuntura atuai os fez procurar a Fundação CASA e acessar seus prontuários? Como percebem, caracterizam, descrevem e justificam esse movimento de busca e de encontro de "registros oficiais" de suas infâncias e adolescências? Buscam uma "história", talvez Imaginada ou vagamente lembrada, mas não registrada?

Em uma primeira fase da pesquisa, foram identificados e acessados 37 prontuários desarquivados entre 1° de dezembro de 2006 e 31 de dezembro de 2008. Foi elaborado um formulário para sistematizar, quantitativa e qualitativamente, variáveis referentes a dados biográficos e a padrões procedimentais e cognitivos adotados pela instituição (relatórios técnicos, ofícios, exames médicos e psicológicos etc).

Em uma segunda fase, em andamento, estou obtendo, por intermédio da Fundação CASA, a possibilidade de contatar os adultos que solicitaram o desarquivamento dos prontuários analisados na primeira fase, para realizarmos histórias de vida.

Docente responsável: Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer