Ruptura e continuidade: investigações sobre a relação entre natureza e história

Descrição: O projeto se volta para a elaboração das relações entre Natureza e História na Filosofia do Século XVII buscando não somente as concepções seiscentistas, mas também o legado sobre o qual se apóiam, bem como as críticas e retomadas das formulações dos Seiscentos na filosofia posterior, particularmente na Ilustração Francesa, no Idealismo Alemão e em alguns filósofos contemporâneos, como Nietzsche, Merleau-Ponty, Deleuze e Foucault. O ponto de partida serão as formulações renascentistas dos florentinos e dos juristas franceses, sua presença e modificações nas obras de Bacon, Espinosa, Pascal e Leibniz. O primeiro contraponto, em que a ruptura se apresenta superior à continuidade, será feito com a obra de Vico, que anuncia os trabalhos da Ilustração Francesa. Da Renascença à Ilustração, as relações entre Natureza e História não são tensas: não só a História está inserida na Natureza, como esta, pensada como artefato e artesã, está embebida na História; além disso, a idéia de natureza humana fornece a mediação necessária entre ambas. Tudo muda e a ruptura se torna patente com as obras do Idealismo Alemão, isto é, com a distinção entre Natureza e Cultura, ainda que o Romantismo pretenda retomar sua inseparabilidade, graças a uma nova Filosofia da Natureza. Tomando como referência a análise do Grande Racionalismo, por Merleau-Ponty, suas críticas ao fracasso das filosofias dialéticas e sua hipótese da possibilidade de fundar na Natureza uma nova concepção da História, algumas das pesquisas examinarão o papel dos conceitos de devir e acontecimento nas filosofias de Nietzsche e Deleuze, a ênfase na idéia de descontinuidade temporal, nas primeiras obras de Foucault, e o ressurgimento da determinação natural do histórico em suas últimas obras, dedicadas ao conceito de biopoder.

Docente responsável: Maria das Graças Souza