As ideias de modos inexistentes em Espinosa

Descrição: Na proposição III 7 da Ética, Espinosa diz que a essência de uma coisa é identificada com seu esforço de perseverar na existência. Ao mesmo tempo, na definição 2 da parte II, o filósofo nos diz que pertence à essência de uma coisa aquilo que põe a coisa. Sendo assim, não parece razoável falar, na filosofia espinosana, de essências inexistentes ou separadas de sua existência. Mas então como entender a proposição 8 da parte II, que nos fala de idéias de modos inexistentes? Seria uma maneira de recuperar os possíveis, depois que a parte I nos garantiu que tudo é necessário? O intuito deste projeto é examinar este enigma, que coloca dificuldades para os intérpretes e não parece ter encontrado ainda uma solução definitiva. Para isso, investigaremos os desdobramentos desta proposição, que se dão em partes do texto aparentemente conflitantes: de um lado, a proposição II 8 é invocada no escólio da proposição 11 da parte III, onde se está demonstrando como uma idéia pode ser contrária à nossa mente; de outro, ela tem papel importante na parte V, onde se diz que a mente é eterna e, nesta medida, imune à contrariedade. Por isso cremos que o exame do papel da proposição II 8 na Ética também pode ajudar a esclarecer as relações entre eternidade e duração (que é o terreno da contrariedade) na filosofia de Espinosa.

Docente responsável: Luis Cesar Guimarães Oliva