Descrição: O presente projeto se dispõe a analisar a produção de sentido que se dá nas figuras e imagens científicas que povoam não apenas a internet, mas também os livros científicos e de divulgação científica (imagens do big-bang, da formação das constelações, imagens do cérebro, dos neurônios, enfim dos confins micro e nanobiológicos do homem, bem como diagramas tridimensionais, tabelas, quadros e demais formas de uso representativo).
O projeto versa sobre a análise semiótica dos discursos científicos, devendo examinar as relações entre texto e imagem nos diversos gêneros da literatura científica, desde o protocolo de laboratório até o manual de vulgarização. Não se trata, na investigação proposta, de pronunciar-se sobre a tecnicidade dos meios de visualização mediante considerações técnicas em domínios como as imagens da tecnologia médica ou a fotogrametria, etc.: a semiótica, marcada pela vocação interdisciplinar, concebe os objetos elaborados por essas disciplinas – tais como, entre outros, os esquemas, as plantas, as radiografias – como enunciados produtores de sentido. O que ela se propõe captar, assim, são as modalidades de tal produção de sentido. As imagens tecnológicas não apenas tornam manifestos os fenômenos, como também revelam um dispositivo procedente ao mesmo tempo do aparato enunciativo (em cujo interior se encontra a aparelhagem técnica) e do gênero de discurso, isto é, do código comunicacional em uso. Serão analisadas as especificidades semióticas dos enunciados produzidos pelas tecnologias da imagem científica, tais como a micro- e a nanofotografia, a foto de satélite, a radiografia, o scanning, o pet scanning e outras imagens médicas, a difração por raio X, a cromofotografia em substância gasosa, a fotografia “de campo” etnográfica, zoológica, botânica, e assim por diante. Estudaremos as transcodificações que tais tecnologias trazem às imagens, desde a captação dos fenômenos até sua interpretação, para averiguar como se podem descrever em termos semióticos.
Docente responsável: Waldir Beividas