A língua portuguesa, 1400 a 1600: aspectos de história e gramática

Descrição: Este projeto se dedica à descrição da gramática do português escrito nos séculos XV, XVI e XVII, e à investigação do processo histórico de ampliação e diversificação do alcance da língua que marca este período. O projeto parte da ideia geral de que esse processo histórico de espalhamento da língua portuguesa por quatro continentes está na raiz de mudanças gramaticais que se refletem nas variantes atuais da língua, e seu objetivo principal é reunir elementos teóricos e metodológicos para elaborar uma versão conceitualmente fundamentada dessa ideia. Os estudos preliminares sugerem uma hipótese de trabalho nesse sentido, segundo a qual as variantes modernas do português em particular, a variante europeia e a brasileira apresentam diferentes estratégias de codificação sintática das relações argumentais, e essa diferença pode ser explicada por dois processos distintos de reanálise gramatical, ambos tendo como ponto inicial a gramática portuguesa dos séculos XV, XVI e XVII. No caso do português do Brasil, o projeto pretende demonstrar que a reanálise pode ser bem compreendida no contexto da transformação radical das condições sociais colocadas para a transmissão da língua portuguesa no processo de ocupação do território brasileiro ao longo do primeiro período colonial. No caso do português na Europa, a reanálise pode ser compreendida como resultado da intensificação de uma mudança fonológica já em curso em alguns recortes dialetais naquele território. A reestruturação gramatical que envolve a formação da variante brasileira não atinge o contexto europeu; e a mudança fonológica em curso nos dialetos europeus é interrompida no processo de transporte da língua para o Brasil dessa forma, cada uma das variantes modernas irá se desenvolver, a partir desse momento, por caminhos diferentes.

Docente responsável: Maria Clara Paixão de Sousa