Figuras do excesso na literatura brasileira a partir do século XX

Descrição: Noção que pertence tanto ao domínio da filosofia quanto ao da literatura, o excesso carece de definição precisa, supondo menos um conteúdo específico do que uma operação simbólica. Experiência  do desregramento e da dilapidação, a escrita que lhe corresponde implica não só o primado da hipérbole, mas também a subversão dos paradigmas. Daí que, no século XX, o excesso literário se vincule à transgressão, fazendo do texto um meio privilegiado de conhecimento dos territórios em que o sujeito perde seus limites. Trata-se, pois, do esforço de dar palavra ao interdito, ao que foi expulso da memória individual ou coletiva para se apresentar como resto, excedente ou lixo. A exemplo do que aconteceu na Europa, onde as vanguardas artísticas colocaram essa exploração no centro de suas poéticas, no Brasil o intento de criar uma escrita da desmedida também ganhou espaço significativo a partir do Modernismo. Macunaíma pode ser pensado como livro fundador de uma linhagem literária que se desenvolve em torno às figuras do excesso, constituindo  um ponto de partida interessante para se interrogar certas particularidades das letras brasileiras nas décadas seguintes. Em diálogo com o legado modernista, obras como as de Nelson Rodrigues, Hilda Hilst, Roberto Piva ou Dalton Trevisan, entre outros, vão rever e problematizar a associação entre o excesso e a experiência da brasilidade, abrindo novos horizontes de interpretação.

Docente responsável: Eliane Robert Moraes