Literatura brasileira dos anos 1930 aos anos 1970 e as leituras do Brasil

Descrição: Este projeto objetiva investigar as maneiras pelas quais as interpretações a respeito do Brasil estão representadas e formalizadas nas obras de Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski e Elizabeth Bishop. Pretende também investigar o grau de tensões e contradições de tais interpretações, à luz, também, de estudos já tradicionais sobre a dinâmica da modernização no país, bem como sobre os estudos que efetivam a crítica desses clássicos. Por um lado, a leitura das tensões entre campo e cidade, entre a estrutura da família patriarcal e os dilemas do sujeito moderno (em Carlos Drummond de Andrade), ao longo dos anos 1930, 1940 e 1950, e seu confronto com o olhar da estrangeira Elisabeth Bishop (que morou no Brasil nos anos 1950 e parte dos anos 1960) para quem tais contradições surgem como elementos pitorescos, permitem contribuir para compreender questões centrais àqueles anos decisivos, seja no processo de atualização da consciência estética, seja no empenho em "(re)descobrir e (re)interpretar" o país, que realizava novo salto modernizador, sem, não obstante, superar as estruturas tradicionais que detinham o poder. Por outro lado, na interpretação de Paulo Leminski, o Brasil surge representado na tensão entre civilização (e domínio do "esclarecimento") e "barbárie" (na natureza - ambiental e humana - indomável e avessa à "domesticação" esclarecida), cujo resultado seria a impossibilidade de qualquer projeto de racionalização. No final dos anos 1950, e ao longo dos anos 1960 e 1970, não será esta a única obra a propor a impossibilidade do "milagre", que interromperia, assim, a ideologia sobre o país como uma "procissão de milagres", nas palavras de Sérgio Buarque. É assim que o projeto pretende - no recorte aqui proposto - realizar a crítica dessas figurações literárias e das concepções que ali ficam formalizadas.

Docente responsável: Ivone Dare Rabello