O pathos na literatura: do cântico dos cânticos e dos gregos à literatura contemporânea

Descrição: A proposta é uma abordagem da paixão na Literatura - da Bíblia e da Grécia até a atualidade. Mais do que conceituar, pretende-se ilustrar a experiência passional que os grandes textos registram, apontando uma série de paradigmas literários, num arco que se desdobrará do século IX a.C. até hoje: textos que nos ensinaram a dizer o amor. Serão assim levantadas uma série de características do amor-paixão, todas engendradas a partir da percepção da radical incompletude que perpassa nossa vivência pessoal (e que deu origem aos mitos do Andrógino n´O Banquete de Platão e de Eva tirada da costela de Adão, no Gênesis bíblico: mitos de cepas culturais diferentes, mas no entanto de mesma etiologia). Um primeiro rastreamento no elenco de textos da Literatura Ocidental, que tratam do amor-paixão, levaria a uma série de invariantes que, repertoriadas, apontariam a dívida ao paradigma do Cântico dos Cânticos. E aqui se confirma a formulação de Blake, retomada por Northrop Frye, de que a Bíblia é o "Great Code" da Literatura Ocidental - ao qual há que se acrescentar os gregos. O corpus da pesquisa integrará, além do Cântico, textos emblemáticos da paixão amorosa: de Safo, Píndaro, hinos homéricos, Eurípides, Sófocles, poesia trovadoresca; Tristão e Isolda, Dante, Petrarca, Camões, Shakespeare, Antero de Quental, Gonçalves Dias, etc - sempre num contraponto com os contemporâneos, Drummond, Guimarães Rosa, Bandeira, Neruda, Murilo Mendes, João Cabral, Ferreira Gullar, Adélia Prado, canção popular (MPB), quadrinhas folclóricas e cordel nordestino. É importante ainda dizer que tal busca de invariantes se equaciona, dialeticamente, com uma visada histórico-social, que buscará apreender as diferentes modulações que o pathos amoroso irá assumindo, ao longo da História.

Docente responsável: Adélis Toledo Bezerra de Menezes