A história dos pais de D. Sebastião em encômios e lamentos quinhentistas

Descrição: Através da leitura dos textos poéticos e oratórios produzidos para festejar o casamento de Joana de Áustria, Princesa de Portugal, para lamentar a morte prematura do príncipe D. João Manuel, e para saudar o nascimento de D. Sebastião, é possível ouvir a história trágica dos pais deste mítico rei português, no calor da hora, em textos vazados nas formas renascentistas novas, italianistas e da antiguidade, tais como a oração fúnebre, a fala de saudação, o soneto, a ode, a carta, a écloga, a elegia em tercetos, o madrigal, a tragédia etc.. O conjunto de saudações e de elegias, produzido nas três línguas da cultura letrada então, latim, castelhano e português, nos revela a dinâmica de produção textual em quinhentos, como ato cívico e oficial, fomentado pela coroa portuguesa, numa associação, típica da sociedade de corte, entre letras e poder. Tal conjunto textual permite escrever a história das letras quinhentistas em Portugal sem deixar de lado o comprometimento político com o seu tempo nem a análise discursiva dos seus gêneros e formas como atos de fala circunstanciais, cívicos e pedagógicos. O concurso que fez D. João III para a escolha da primeira carta de amor enviada pelo príncipe, seu filho, à princesa, relatado na célebre anedota quinhentista, apresenta aspectos da prática poética coeva, como a condição não autoral do ofício de escritor e a participação da poesia na história política quinhentista, através de concursos públicos. Tais peculiaridades da prática letrada quinhentista, numa perspectiva histórico cultural, com exame da discursividade dos textos e da materialidade dos suportes impressos e manuscritos que os preservaram, serão as balizas da análise e interpretação do corpus.

Docente responsável: Marcia Maria de Arruda Franco