Descrição: Visa-se a contribuir para o debate sociológico sobre as características da urbanização contemporânea que ressaltam da realidade socioespacial em São Paulo identificando as regras de interação social pela mediação das quais se (re)inventa ali dia a dia a sociedade da rua. Trata-se de uma teia de processos sociais que se (re)fazem de modo fugaz e improvisado nas vias e praças públicas da cidade em meio ao vigor da circulação de veículos e transeuntes, e cujos protagonistas se distinguem por nas ruas permanecerem com regularidade. Importa em especial inquirir etnográfica e documentalmente os padrões de uso de ruas e praças do centro histórico paulistano por parte desses não-transeuntes variados no presente e no passado que se iniciou com as transformações político-sociais e urbanísticas no centro histórico engendradas no contexto da última ditadura militar, na década de 1960. Por meio de pesquisa etnográfica (baseada em observação participante e na produção de fotografias no Pátio do Colégio, nas praças da Sé, do Patriarca, Ramos de Azevedo e República e seus respectivos entornos) e de pesquisa documental (de notícias, crônicas, cartas de leitores, editoriais e fotografias) no jornal 'O Estado de S. Paulo' virá para o primeiro plano da análise uma cidade ainda pouco explorada pela sociologia. Uma cidade fora dos muros das instituições e de possíveis certezas conceituais. E, no entanto, uma cidade também em que – a título de hipótese inicial - a convivência social é mediada por regras de cunho estamental de um tempo histórico outro, e que aparecem em plena atividade na rua paulistana do presente, no bojo das desigualdades sociais crescentes do capitalismo contemporâneo.
Docente responsável: Fraya Frehse