Ética, história e discurso memorialista

Descrição: Os estudos sobre a questão da Memória Social ganharam enorme impulso desde os anos 1980, tornando-se um importante campo de debate interdisciplinar nas ciências humanas. Esse fenômeno se deve em parte a uma redescoberta das obras de Maurice Halbwachs, associada a um contexto de ascensão do multiculturalismo, crise do Comunismo, políticas de produção e preservação de testemunhos de vítimas do Holocausto, emergência de uma sensibilidade pós-moderna e Globalização, entre outros fatores que tiveram início nos anos 1960 e 1970, mas que ainda exercem influência no presente, direta ou indiretamente. A pesquisa avança sobre esse debate, procurando delinear as complexas relações que se estabelecem entre a memória socialmente partilhada e pesquisa historiográfica, tendo como objeto privilegiado um conjunto de obras literárias que se definem nas linhas do discurso memorialista. Tais escritos, articulando-se num gênero indefinido que incorpora o discurso historiográfico, a autobiografia, o romance e a paródia, oferecem insights que nos ajudam a repensar a relação entre Memória e Representação Histórica. Contrariando a tese de Halbwachs, a pesquisa trabalha com a hipótese de que História não é simplesmente uma forma diferente de memória, um conjunto de recordações desprovido de vida, mas um domínio do conhecimento humano que cumpre funções específicas e que guarda com a memória relações complexas e por vezes contraditórias.

Docente responsável: José Antonio Vasconcelos