Explicar, compreender, narrar: uma investigação acerca da natureza do conhecimento histórico

Descrição: A teoria do conhecimento histórico desenvolveu-se, desde a época moderna – notadamente a partir da historiografia filosófica do século XVIII - segundo algumas grandes linhas interpretativas. Inscritos na tradição analítica, autores contemporâneos como C.Hempel e M.White estendem para a historia o emprego do modelo nomológico-dedutivo de explicação e predição, que consideram comum a todas as ciências. A tal proposta se contrapõe a concepção pragmática, que defende a diversidade contextual das explicações. Contra o reducionismo da história ao paradigma das ciências naturais, neokantianos e principalmente Dilthey, ainda no século XIX, reivindicaram para todas as ciências do homem – denominadas ciências do espírito – um estatuto próprio. Tratava-se de compreender situações e eventos em sua particularidade, sem tentar explica-los enquanto casos de leis gerais, como nas ciências da natureza. Já no século XX, Collingwood e depois William Dray defenderam a compreensão dos agentes históricos enquanto apreensão do pensamento por trás da ação, para descobrir razões em vez de causas. Na mesma tradição não-reducionista, autores como Ricoeur ou Gallie enfatizaram o caráter narrativo da história. Porém, em todos os casos, o exame dos argumentos mostra que os diversos modelos de conhecimento histórico não são excludentes. Antes, cada um deles parece tomar para si um aspecto constitutivo do conhecimento histórico, tal como efetivamente praticado pelos historiadores. Essa congruência de fato sugere a construção de um modelo teórico que contemple os aspectos tanto explicativos como compreensivos e narrativos do discurso histórico, sempre levando em conta suas pretensões epistêmicas.

Docente responsável: Sara Albieri