Descrição: As mudanças técnicas e culturais que tiveram início na segunda metade do século passado têm movimentado as mais variadas esferas de atividades sociais, do modo de produção à estética, impactando profundamente a esfera de produção e transmissão de conhecimento. A educação ocupa o centro do debate sobre a política social, como problema de formação cultural, de cidadãos, de mão de obra, de credenciamento de profissionais, de qualificação técnica de especialistas, de produção de conhecimento comercial, de desenvolvimento de atributos e capacidades. Tendo por referência primeira a teoria social (e a teoria do conhecimento sociológico) de Pierre Bourdieu, a proposta é explorar as potencialidades de uma abordagem sociológica transversalista para o estudo da educação, da cultura e do conhecimento científico e tecnológico, capaz de articular as dimensões estruturais da organização social, os processos e funcionamento institucionais e as representações e práticas dos membros de diversos grupos sociais, tendo em vista o entendimento das relações de dominação nas sociedades de classes contemporâneas, notadamente a partir de suas manifestações na sociedade brasileira. Trata-se de investigar a lógica da dominação simbólica, produzida pelas relações dinâmicas entre as características objetivas das organizações sociais e as disposições – resultado da socialização anterior – dos agentes que nelas atuam, de modo a abarcar simultaneamente as estruturas objetivas dos diferentes microcosmos sociais que constituem o universo social (e seus mecanismos de reprodução e mudança) e as estruturas cognitivas – princípios de visão, divisão e classificação – mobilizadas pelos agentes no conhecimento prático desses mundos, estruturados segundo divisões objetivas.
A amplitude da abordagem permite a proposição de ampla variedade de investigações, estimulando a independência intelectual dos estudantes de graduação e de pós-graduação do grupo. Como um todo, os trabalhos apresentam concentração no estudo da sociedade brasileira contemporânea e podem ser agrupados, em especial, nas seguintes vertentes: política educacional no Brasil; política científica e tecnológica no Brasil; instituições e processos de diferenciação e legitimação de conhecimentos e grupos sociais; trajetórias sociais, de formação e de profissionalização de intelectuais e elites especialistas; a dinâmica institucional dos sistemas nacionais e internacionais de ensino superior e pesquisa.
Em todas as vertentes, trata-se de investigar os processos de socialização que situam os mecanismos de produção, reprodução, mudança e luta por legitimação dos membros de diferentes classes e frações de classes sociais, cujas práticas produzem as mudanças em curso nas sociedades diferenciadas contemporâneas. (Associado ao Projeto Temático Fapesp 2011/51614-3 Gênese e desenvolvimento da tecnociência: das relações entre ciência, tecnologia e sociedade, sob a coordenação geral do Prof. Dr. Pablo Mariconda, do Departamentto de Filosofia da USP).
Docente responsável: Sylvia Gemignani Garcia